domingo, 31 de outubro de 2010

Je crois!

Sim, hoje em muitos lugares é dia de festa. Das bruxas, da fantasia ou do comércio.
Mas deixando as chatices do chão de lado e sendo bobo, quero dizer: acredito.
No quê?

Na magia é claro.

Do olhar sedento, atento e curioso da criança que gosta de ouvir histórias.
Das mães e avós mestras das poções e plantas medicinais, que tanto nos curam com suas receitas, cheias, acima de tudo, de afeto, carinho e amor. Hoje eles chamam de etnofarmacologia, apesar de ainda preferir guardar no meu coração o lado pouco científico da magia nas poções de cura dessas incríveis mulheres.

Como não sentir a magia da gargalhada daquela senhora piadista.
Ou não se render ao olhar mágico da criança ao ganhar um presente tão esperado.
Ou magismo agradecido da irmã carinhosa, que acredita na guarda do irmão, magrela, mas defensor.
Há também o encanto da bruxa que beija o dedinho e faz a criança parar de chorar.

Acredito em Deus. Sim acredito, no homem, também. 

Rendo-me a magia do pitoresco buscado e encontrado por Sabino.
E sinto Clarice: coisa de maluco, como dizem muitos.
Sim, louco, pela magia das Cartas perto do coração e a magia da amizade.

Sempre acreditei em Severus Snape e não entendia o porque disso. Que bom... no fim, minha humilde insignificância literária não errou em acreditar na possibilidade do amor, mesmo numa figura esquálida e coberta de sombras.

Acredito na magia do distanciamento aproximal - que diga meus neologismos - e sei, pelo menos uma pessoa, que desde 2004 está longe-perto, vai entender o que escrevo.

Acredito no poder mago das minhas cartas...
Expecto Patronum! (E na força do parênteses. Vale lembrar: somente uma pessoa vai entender) 

Acredito, também, nas bruxas de perfume sedutor que nos apaixonam. Naquelas que os cabelos voam e nos atraem, ou nas de movimento corporais que redirecionam nosso olhar. E, nossa! bruxas e mais bruxas, que...

Creio na magia de Jesus, também, mais do que muitas outras.

Fascino no poder das melodias da Enya e das coisas escritas por Roma Ryan:
Ah! Je voudrai voler...
...comme un oiseau d'aile !

E por isso considero: todos são capazes de magicar, a magia simples e difícil, do carinho, da amizade, do amor. Ou você acha que não tem seu lado de mago?!

Je crois.
Credo.
Ég trúi.
I believe.
Yo creo.
Yr wyf yn credu.
Ek glo nie.


E feliz Dia das Bruxas!


Duda, 31 de outubro de 2010




Ps.: Alguns irão entender essa: 33 cm, goiabeira, semi-flexível, linha de gorro de saci.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma das marcas da eleição 2010





Confesso que minha vontade não era expor um texto de certa forma antigo, mas percebo que o momento é propício. Vale ressaltar também o não intuito de conduzir a votação de ninguém, mas acredito que uma das marcas sujas dessa eleição foi a utilização de uma polêmica tão desagradável, pelo menos a mim, para conseguir votos. Melhor seria discutir isso mais moderadamente, com maturidade, avaliando os dois lados da polêmica, não se utilizando da posição de um, contra ele mesmo, ou fingindo ter uma posição que não tem. Buscar um ponto em comum, ao invés de todo esse lenga-lenga.


Lembro a todos que o texto é de 2008, mas não mudei muito minha posição e não vou aumentá-lo, por falta de tempo e também para não cansar o leitor.

Mas não deixe de emitir sua posição nos comentários, mesmo que contrária, afinal as polêmicas, às vezes se resolvem a partir do equilíbrio entre as partes, se souberem ao fim ouvir e ceder um pouco.

Necessidade ou Conveniência Social?

Os debates a respeito da legalização do aborto no Brasil ganharam ainda mais amplitude, após a decisão da CNBB em adotar como tema da campanha da fraternidade, o direito à vida. Conduto, por se tratar de uma polêmica, há quem discorde dos argumentos da Igreja, defendendo a interrupção da gravidez como direito. Mas quais dos dois lados têm uma solução benéfica para a sociedade brasileira?

Defensores da legalização sustentam sua tese na questão da saúde pública. Citam o aborto inseguro, um contribuinte pra os altos índices de mortalidade materna, sobretudo nas condições inseguras e de graves riscos à saúde das clínicas clandestinas. Por essa escolha ilegal, as mulheres podem ter seqüelas que vão desde a perfuração do útero, ou a infertilidade, entre outros. São argumentos fortes que alargam a tese do direito de opção da mulher, quanto ao uso de seu corpo, devendo ser exercidos sem preconceito no estado democrático brasileiro.

Apesar de tais argumentos, e mesmo não estando em sincronia com os ideais da igreja, os que são contra o aborto legalizado, refutam as alegações pró-aborto como convenientes à irresponsabilidade e lesadoras do direito à vida. Mencionam a humanidade do feto, e este, por ser inocente, sem poder de defesa, não deveria sofrer com a crueldade de abortos como os métodos por sucção, curetagem ou envenenamento salino. Técnicas cruéis de interrupção idênticas à assassinatos, além de trazerem danos à saúde, sem lembrar dos danos sociais e psicológicos à mulher.

Embora os dois grupos protejam suas teses em bons argumentos, é necessário algo além de uma medida corretora como a legalização, para conter as mortes ou seqüelas para as mulheres. Está claro que a ignorância e a irresponsabilidade são o problema. O imprescindível seria investir na formação e orientação sexuais dos jovens brasileiros, além da orientação para o planejamento familiar. Seria por demais desejável para o Brasil, investirmos na prevenção da gravidez, ao invés de gastar milhões em clínicas onde humanos serão mortos como animais.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A Revoada

Saia do sertão dos muros.
Visite a aldeia que está lá fora.
Corra e não sinta mais o chão.

Equilibre-se no ar,
segure-se no vento.
Convide um amigo.
É tudo o que nos falta.

Juntem-se a revoada.
Não se pode experimentar a sensação de existir,
sem se ter a certeza que se tem de morrer.
E é igualmente impossível se pensar na certeza que se tem de morrer,
sem pensar, ao mesmo tempo, em como a vida é fantástica.

Saia do sertão dos muros.
Visite a aldeia que está lá fora.
Desligue o vídeo.
Faça você mesmo o roteiro.
Dance sua própria trilha, silenciosa, sonora.

Saia do sertão dos muros.
Visite a aldeia que está lá fora.
Juntem-se a revoada.

Voe e se impressione.
Sinta e se conheça.

Lucélio Augusto Borges






Ps: Esse poema me acompanha desde 2008.
Em pdf: http://www.scribd.com/doc/38951243/A-Revoada
Performance de Che Moais: http://www.youtube.com/watch?v=xq5tqqF4xaU