segunda-feira, 23 de julho de 2012

A voz do Amazonas: A raiz

A raiz


por Thiago de Mello
a Moacyr Félix


Num campo de silêncio
onde pastam manhãs
estou pelo que sou.

Canção azul de cobre,
me chega pelo vento:
em sua dor me deito.

Um espesso lençol
com ternura de pinhos
enrola o coração.

O sangue levanta
no espaço bandeiras
de fogo e limão.

Até a pedra entrega
seus ásperos segredos
ao cristalino dia.

A raiz arranca
com sua garra de amor
a rosa do meu peito.

E reparto o diamante
que a infância me deu.
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[Do presente dos inesquecíveis: Faz escuro mas eu canto. Thiago de Mello - 23ªEd. - Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2009. p. 45-46.]

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